terça-feira, 4 de novembro de 2014

Guerreira

Ela passa, toda bela,
Com uma bacia cheia de roupas
Equilibrada na cabeça.
Seus passos são firmes
Como firme é seu caráter.
Ela cumprimenta a todos
Os que cruzam seu caminho,
As marcas em seu rosto
É o retrato de uma vida
Da labuta constante.
Ao chegar em casa,
Depois de lavar, quarar e secar
A roupa sobre o lajedo
Embaixo de um sol ardente,
Ela ainda tem disposição
Para coser e cozer
Roupas e sabores,
Entremeados por orações
Onde cada filha e filho é lembrado,
Onde cada amigo é citado,
Onde toda a fé é expressada.
No fim da tarde,
De banho tomado,
Perfumada e maquiada,
Senta-se na calçada
Para observar a rua.
Em seus momentos de solidão,
O que será que vai em seu coração,
Quais indagações percorrem seus pensamentos?
Mas, são poucos esses momentos
Logo chega uma comadre
Trazendo um filho,
Ou um amigo com quebranto
Para ela benzer
Com um sorriso sempre estampado
No rosto e na alma
Ela logo pega os galhos
E começa a benzeção
Não aceita dinheiro
Faz tudo de coração.
E antes de dormir
Em seu ritual de amor
Faz uma última oração
Pedindo pelos seus entes queridos
Beija a foto de cada filha e do filho
Que no mundo se espalhou.
Chora sua saudade
E adormece esquecendo toda a dor.

Rosinha Morais






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