domingo, 19 de outubro de 2014

Apagão

Era noite
Mas a lua não veio
O céu era pura escuridão
E ele não veio
Turvando meu coração
Minha estrela
Apagando-se lentamente
Pois a luz
Que me alumia
Nessa noite
Não reluzia.


Rosinha Morais



segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Foto de Suzana Pires
Arte de Bianca Veloso


Estrutura


Não me sinto pura
Não me sinto puta
Não me sinto deusa
Não me sinto santa
Profano meu templo
Santifico meu tempo
Dispo meus sentimentos
E sigo meu caminho
Sempre em frente
Plantando o que há de melhor
Sigo paisagens
Busco miragens
Mergulho em nebulosas
Sou ventania em prosa
Dialogo com meus eus
Sem nenhum temor a loucura
E dentro dela
Eu encontro minha cura


Rosinha Morais


Inclusão

Estive só
Em campos de batalhas
Em colheitas de lavouras
Em festivais diversos
Estive só
Em meio à multidão
Como um pequeno grão
Na imensidão da praia
Estive só
Enquanto procurava
Os meus iguais
Encontrei alguns
E outros mais
Solitários como eu
Mas com tanto em comum
Que esquecemos a solidão
Em rodas de conversas
Em versos e canções
Traçamos nossas metas
Para alguns
Éramos poetas
Para nós
Éramos irmãos

Rosinha Morais


terça-feira, 7 de outubro de 2014

Metade de mim


Metade de mim
Está incompleta
A metade mais certa
A metade que disputa
A metade que assiste
Metade de mim
Vive aqui
Metade está além
Muito além de mim
A metade que não espera
Livre feito passarinho
Que faz ninho
Em hastes de moinhos
Para nunca perder
A liberdade do vento
Metade de mim
É nota musical
Metade poesia
Poema matinal
Envolvida em amor
Navegando solta
Em ondas sonoras
Em palavras e histórias
Metade de mim
Não descansa
Está sempre à procura
Da outra metade.


Rosinha Morais

domingo, 5 de outubro de 2014

Experimentação



Me perco em devaneios profundos
Me afundo em pensamentos sombrios
Mergulho em delirantes abismos
Sobrevoo imaginárias planícies
Sussurro ao vento, meus anseios
Salto precipícios de papéis
Desnudo pensamentos alheios
Com a destreza de uma amazona
Escondo em cavernas escuras
O medo que povoa minha mente
Amarro com fitas de cetim
Os fantasmas que vivem em mim
Para não prendê-los totalmente
Nem perdê-los eternamente
Cruzo desertos inteiros
Para encontrar meus segredos
E resgatar meus desejos.



Rosinha Morais



sexta-feira, 3 de outubro de 2014



Não vou me adaptar
A esse mundo
Onde espalho alegrias,
Escondendo bem lá no fundo
As tristezas de ser sozinha.
O esforço é enorme
E eu não quero desistir,
Mas, às vezes,
Parece tão mais fácil partir.
Partir de dentro de mim,
Dessa cadeia sem grades,
Desse quarto fechado
Que comprime o meu peito,
De onde meus gritos de socorro
Não são ouvidos
Dentro dessas paredes,
Tão intensamente densas
Onde nada reverbera,
Apenas devolve com força
Contra um peito já ferido
Onde as cicatrizes
Como chagas abertas
Erguem barreiras de desespero.



Rosinha Morais


quarta-feira, 1 de outubro de 2014


Depois de muito tempo afastada, do blog, não da poesia, retorno em meio a felicidade de conviver com pessoas de talento indiscutível e que tem me feito crescer, como pessoa e como pseudo escritora(pois é, ainda não me convenci dessa parte.), tanto como poeta quanto como contista. Espero reencontrar os amigos que sempre me apoiaram nesse espaço e que possamos juntos celebrar cada vez mais o amor.

Ah o amor, 
Esse sentimento que é tão simples 
E tão complexo, 
Que nos transforma a cada dia,
Que brinca com nossas emoções, 
Nos joga
Numa corda bamba, 
Mas que também nos alivia o peito,
Abre o nosso sorriso
E derrama gotas de felicidade
Em nossas vidas 
Tantas vezes ressequidas dele.
Que celebra a amizade, 
Que incendeia a paixão, 
Que nutre nossa fome de felicidade.
O amor, 
Fraterno, eterno.
Que despedaça o efêmero
E invade nossa alma,
Que perpetua em nós
O mais doce desejo
De amar e ser amado,
Livre de preconceitos
E de conceitos.
Que nos define
e se define em nós.

Rosinha Morais.