quarta-feira, 1 de julho de 2015



(In) Discreto

Me envolvo em tua teia
Me enlevo nesse amor
Me aranho e te arranho
Na loucura da paixão

Me transformo em tua musa
Te musifico em inspiração
Misturo nossa transpiração
Alquimia do nosso cheiro

Na química que nos envolve
Surge o fenômeno da nossa física
Na cegueira dos desejos
Nossos corpos em braile
Exigem o toque dos dedos

E o deslizar suave, dos lábios
Ganham a selvageria dos beijos.



Rosinha Morais








terça-feira, 16 de junho de 2015


À Meia Luz

Vendem-se bem
Para total deleite
Salgados e doces
Corpos

Comem-se bem
Em pratos bem servidos
Em corpos bem vestidos
Putas

Amam-se bem
O que está exposto
A saciedade do desejo
Leve

Esquecem-se bem
O dia que passou
A noite que acabou
Sorte

Condenam-se bem
O que o olho vê
O que os outros veem
Hipocrisia.

Vendem-se bem
Corpos

Comem-se bem
Putas

Amam-se bem
Leve

Esquecem-se bem
Sorte

Condenam-se bem
Hipocrisia


Rosinha Morais

segunda-feira, 23 de março de 2015

                                                                                          imagem google


À flor da pele 



Sinos tocam,

Quando o teu hálito

Aquece

A minha respiração.

Estrelas brilham,

Quando teu corpo

Estremece

Sob a minha mão.

A natureza

Entra em comunhão,

Quando teu desejo

Combina

Com o meu tesão.


                           

             Rosinha Morais

 

sexta-feira, 20 de março de 2015




Bons tempos

Quando criança, na Bahia
Fazia tudo que era estripulia
Mas sempre obtinha perdão
Só uma coisa não podia
Falar qualquer palavrão
Porque se mainha ouvia
Lá de dentro da cozinha
Vinha logo a ladainha
- Se atreva a falar outro
Que eu lavo tua boca
Com QBoa e sabão
Se fosse só isso era bom
O que metia medo
E não era pouco
Era quando ela dizia
- Ligeiro vou ali no mato
Buscar o que tem serventia
E logo aliso teu lombo
Com um ingaço de coco
Nesse instante ninguém se atrevia
A falar ou fazer qualquer coisa
Apanhar com ingaço de coco
Deve ser uma dor danada
Isso só pra quem é louco
O melhor era ficar calada.


                                                                 Rosinha Morais





quarta-feira, 18 de março de 2015



Vazio
.
.
Promessas ocas
Palavras soltas ao vento
Zombam
Voando em volta
Como borboletas
Colore e alegra
O coração
Que mente entrega
Jura paixão
Que mente trama
Captura e prende
Borboleta morta
Já não tem emoção
É um quadro exposto
Na parede da memória
Que mente chora
Triste solidão
~

Rosinha Morais

sexta-feira, 13 de março de 2015



Desalento


Quando a indiferença
Causa em mim
Tristeza profunda
Que faz chorar
Minh’alma
Decepciono-me
Comigo mesma
Mas quão indiferente
Seria um coração
Que não sentisse
Na alma
A dor da decepção?



Rosinha Morais

domingo, 8 de março de 2015




Mulheres

Sejamos mulheres
Filhas, irmãs, mães, avós
Sejamos mulheres
Dondocas, caseiras, guerreiras
Que nossos sonhos sejam muitos
Que nossas lutas sejam justas
Que nossas ideias sejam vistas.
Sejamos mulheres
Na crua realidade ou na doce fantasia
Sejamos mulheres
À frente de um batalhão
Ou atrás de uma escrivaninha
Que nosso momento seja agora
Que nossa felicidade seja sempre
Que nosso desejo seja latente.
Sejamos mulheres
Bruxas ou fadas
Princesas ou criadas
Sejamos mulheres
Sinceras e amadas
Sejamos mulheres
No começo e no fim
E acima de tudo
Sejamos respeitadas.

Rosinha Morais


terça-feira, 24 de fevereiro de 2015



Esperança

O corpo petrificado
Ante a pureza do amor
Já não se importa
Com o resto à sua volta
Entrega-se ao instinto primitivo
De proteção e paz
Enquanto espera o romper
De uma nova aurora
De onde surgirá
Seu bem mais precioso



Rosinha Morais



Trilhas

O sussurro
E o grito
O cheiro
Impregnado na pele
Insinuado no corpo
A impressão dos dedos
No olhar
O fogo não mais contido
Nos lábios
A suavidade
E a ardência do beijo
A respiração
Tantas vezes presa
Solta, ofega
O bailado
Timidamente iniciado
Ganha passos seguros
O medo
Embolsado
Aguarda escondido
Ofuscado pela coragem
Que brota dos sentidos
Sentidos
Desejados
São explorados
Em tatos e cheiros
Em visão e audição
E no paladar
Que desliza
Criando trilhas
Para a memória.

Rosinha Morais


sábado, 21 de fevereiro de 2015



Devaneios

Em seus devaneios
A menina sonhava com astros
Se fantasiava de pirata
Visitava ilhas desertas
Dançava um tango ao som de Carlos Gardel
Discutia cinema e literatura
Planejava presentes e futuros
Sorria seus planos
E um rubor lhe tomava a face
Em seus devaneios
A menina andava descalça sobre a areia
Ao som do Sacha, rodopiava
Voando a bordo do vento
Brincava de esconde-esconde
Deitava-se à sombra de uma árvore
Adormecia feliz
Sonhava devaneios
E em seus devaneios
Ela só queria ser o epílogo
Das mil e uma noites

Rosinha Morais



quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015



De Carnevalli

Deixo
Atrás de mim
Um rastro
Uma trilha para tantos passos
Não rastejo
Sigo em frente
Cabeça erguida
Armado com palavras
Vivo a vida
E viro a vida
Do avesso
De onde saio
Ileso
E junto
Com outros e tantos
Que foi igual
Que é igual
Marginal?
Não fui nem sou
Mas também não me importa ser doutor
E se o for
Receitarei palavras
Recitarei Palavras
Defenderei palavras
Minha arma
Palavras
Solta, livres, avulsas.


Rosinha Morais


terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

O tom e o tempo



Eu tive tempo, te vi no tempo
Do tempo que em mim parou
Sem horas, fui senhora
Dona do tempo e de ti
Do teu olhar tão perto
Tão dentro do meu
Que por instantes você era eu
Rapidamente acendi uma chama
Naquele olhar retido
Sob o pretexto bandido
De roubá-lo pra mim
Tua voz flutuou no espaço
E a multidão não existia
Eram dois corpos em harmonia
Ou um que pedia
Para o outro retê-lo
No aconchego do tempo
Que em instantes se desfazia.



Rosinha Morais

domingo, 8 de fevereiro de 2015




Resposta


Dizes que não tenho cara de santa
Tens razão baby
Não tenho cara de santa
Não tenho jeito de santa
Não quero nem sou santa
Sou filha da Deusa
Da Mãe Natureza
A minha beleza é toda profana
Sim profana, não promíscua
Prefiro ser profana
A ser (pro) missa, (pro)culto.
Meu pecado difere do teu
O prazer me foi ensinado
Está na raiz do nosso ser
Brota da terra de fertilidade
Enquanto te preocupas
Com tuas virtudes
Com um reino prometido
Eu me preocupo em ser feliz
Em viver intensamente
Em plantar e colher
Nesse plano, a melhor semente
Entrego-me ao Gamo Rei
De corpo e alma
Desnudo-me de preconceitos
Sou mulher, rainha, fada
Sou tudo o que eu quiser


Rosinha Morais



sábado, 7 de fevereiro de 2015




Sol e Lua

Todo esse encanto
A fantasia construída
Toda essa sede
A fome longamente sentida
Todo esse espaço
O vazio entre dois mundos
Toda essa rotina
O amar e ser amado em palavras
Toda essa distância
A chama acesa da esperança
Todo esse sentimento
Citado e descrito em astros
Se desmancha e solidifica
E cria novas sentenças
Que em promessas se pronuncia.

Rosinha Morais



domingo, 11 de janeiro de 2015





Sonhos de Luz

A menina
Deitada
Sonhava com massagem nos pés
Com energias circulando
Entre pontas de dedos e pele
Conversava sobre encontros
De alma e de corpos
Sobre sabedoria e esoterismo
Sobre amores possíveis
Sobre seres sensíveis
Esquecia
Por instantes
Da realidade interrompida
Esperando para ser vivida
Com toda a sua dureza
Flutuava em nuvens
Livre feito borboleta
De flor em flor
Embelezando o que já é cheio de beleza
Num mundo que ela se permitia
Enquanto sonhava
A menina
Sorria.



Rosinha Morais



quinta-feira, 8 de janeiro de 2015




Desilusão



É tempo perdido
Esquecido
Recolhido
É mente vazia
De razões
E sentidos
É sentimento escasso
Que se finda
No cansaço.





Rosinha Morais



terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Devaneios de uma paixão

Corro os dedos pela vidraça
O duro e frio contato do vidro
Lembra a tua ausência
A saudade de ter sob os dedos
O calor e a suavidade da tua pele
Meus olhos desviam-se para o chão
Brandos, serenos e tristes
Enterrados na paixão que já não existe
Ou que existe em demasia
Que de tão intensa e sufocante
Cria as mais belas fantasias
Meus pés me levam a rodopiar
Ao som de uma música silenciosa
Que toca fundo em meu peito
Ressoando o sussurro da tua voz
Até eu acordar do devaneio
Abrir os olhos e ver a realidade
Me sufocar em sua verdade
Então voltar para as asas da loucura
E fixar-me em sua morada.

Rosinha Morais 









sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Desnude-se

Desnude-se
Do preconceito
Dos conceitos duvidosos
Das dúvidas
Incertezas
Desnude-se
Do peso na consciência
Da consciência mesquinha
Da mesquinhez
Pequena
Desnude-se
De tudo que traz tristeza
Da triste solidão
Da solidão
Abandono



Rosinha Morais
Passi(vida)de



Quando a covardia
Nos detém
E o silêncio cala
O grito
Que está preso
Em nosso peito
Um leve arfar
De asas
É suficiente
Para perdemos nossas
Penas
E nossa capacidade
De voar.



Rosinha Morais




 Imagem de: http://michael-rayne.deviantart.com/art/Fallen-angel-204776706